
Segundo o estudo, os adolescentes evitam procurar ajuda por temer o estigma e que rumores sobre seus pensamentos suicidas se espalhem pela escola. Há outra mudança no perfil dos que cometem suicídio. O risco, que sempre foi maior entre homens, tem aumentado entre as meninas. Segundo Meleiro, isso se deve a gestações precoces e não desejadas, prostituição e abuso de drogas.
O problema, porém, é negligenciado, como mostram dados da OMS (Organização Mundial da Saúde). A entidade afirma que os casos de suicídio aumentaram 60% nos últimos 45 anos e que um milhão de pessoas no mundo morrem dessa forma por ano. No Brasil, estima-se que ocorram 24 suicídios por dia. O número de tentativas é até 20 vezes maior que o de mortes.
Segundo a OMS, pouco tem sido feito em termos de prevenção. Os pesquisadores, da Universidade de Oxford e da Universidade Stirling, na Escócia, dizem que mais pesquisas são necessárias para compreender os fatores de risco e melhorar a prevenção. Uma estratégia é limitar o acesso a meios que facilitem o suicídio, como armas.
Meleiro diz ainda que as pessoas costumam dar sinais antes de uma tentativa. “Acredita-se que perguntar se a pessoa tem pensamentos suicidas vai estimulá-la, mas isso pode levá-la a procurar ajuda.”
A psiquiatra da infância e da adolescência Jackeline Giusti, do Hospital das Clínicas da USP, afirma que é importante prestar atenção a sinais de automutilação nos adolescentes, porque a prática aumenta o risco de suicídio.
“Professores, clínicos e pediatras têm que ficar atentos a essa possibilidade e investigar. É um sinal de que algo não está legal e merece cuidados. Em geral os adolescentes que se mutilam são deprimidos, têm ansiedade e têm uma dificuldade enorme para dizer o que estão sentindo ou para pedir ajuda.”
Nota: Releia o trecho grifado e pense se a solução está mesmo em afastar os jovens de armas que possam facilitar o suicídio. Isso é paliativo. É preciso atacar as causas e reconhecer que esta cultura permissiva em que vivemos tem grande contribuição neste cenário triste. Filmes, novelas, séries, músicas, campanhas publicitárias (como as do carnaval, no Brasil) incentivam o sexo sem compromisso e o comportamento irresponsável, libertino. As pessoas, incentivadas pelos modelos da mídia e por grupos igualmente influenciados por esses padrões, se consideram livres para viver como bem entendem (ainda que seja como objetos sexuais) e depois nem sabem por que se sentem tão mal. Mas a grande imprensa se preocupa com isso? Ou está mais preocupada com os números de sua audiência que se convertem em milhões de reais na conta de seus donos?
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