Os apócrifos (ou deuterocanônicos) foram produzidos, em sua maioria, durante os dois últimos séculos a.C. Embora não fizessem parte da Bíblia hebraica dos judeus da Palestina, eles foram incorporados à tradução da Bíblia ao latim (Vulgata Latina), que preservou e popularizou esses acréscimos durante a Idade Média. Já o Concílio de Trento decretou em sua Quarta Sessão, reunida em 8 de abril de 1546, que aqueles que não reconhecessem os apócrifos da Vulgata Latina como genuinamente “sagrados e canônicos” deveriam ser anatemizados. Conseqüentemente, todas as versões católicas da Bíblia preservam até hoje esses escritos.
Os protestantes, por sua vez, reconhecem o valor histórico dos apócrifos, mas não os consideram como canônicos ou inspirados. Esta posição deriva do fato de tais escritos (1) não fazerem parte do cânon hebraico do Antigo Testamento; (2) não haverem sido citados por Cristo ou pelos apóstolos no Novo Testamento; e (3) apresentarem ensinamentos contrários ao restante das Escrituras. Entre esses ensinamentos encontram-se, por exemplo, as falsas teorias da existência do purgatório (Sabedoria 3:1-9; contrastar com Salmo 6:5; Eclesiastes 9:5, 10); das orações pelos mortos (II Macabeus 12:42-46; contrastar com Isaías 38:18 e 19); de que anjos bons mentem (Tobias 5:10-14; contrastar com Mateus 22:30; João 8:44); de que o fundo dos órgãos de um peixe, postos sobre brasas, espantam os demônios (Tobias 6:5-8; contrastar com Marcos 9:17-29); de que as esmolas expiam o pecado (Tobias 12:8 e 9; Eclesiástico 3:30; contrastar com I Pedro 1:18 e 19; I João 1:7-9). Isso nos impede de aceitar a inspiração e a canonicidade dos escritos apócrifos (ou deuterocanônicos).
Texto de autoria do Dr. Alberto Timm, publicado na Revista Sinais dos Tempos, dezembro de 1997, p. 28.
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