Nos últimos dias, o governador recebeu uma petição assinada por mais de três mil pessoas pedindo que vetasse o projeto, mas seus partidários conservadores tinham apoio suficiente para sobrepujar o veto com uma maioria simples.
“Uma boa legislação deve trazer clareza e não confusão. Minha preocupação é que esse projeto não tenha alcançado esse objetivo”, afirmou Haslam. “Por essa razão, eu não assinarei o projeto, mas permitirei que se torne lei sem a minha assinatura”, acrescentou.
Os críticos rotularam a lei de “Projeto de lei do macaco” (“Scopes Monkey Trial”, em inglês), em alusão ao amplamente divulgado “Julgamento do Macaco”, ocorrido em 1925, em que o estado do Tennessee acusou o professor de nível médio John Scopes de violar uma lei estadual que proibia o ensino “de que o homem descendeu de uma ordem animal menor”.
A Associação de Professores de Ciências do Tennessee e a seção estadual da União Americana de Liberdades Civis (ACLU, em inglês) são os maiores críticos da medida e afirmam que ela dará amparo legal para que os educadores ensinem ideias pseudocientíficas.
“Eles não falam tanto sobre criacionismo, mas sobre Desenho Inteligente”, disse no começo da semana Hedy Weinberg, diretor executivo do braço estadual da ACLU. “É uma forma muito inteligente e sutil de desafiar a teoria da evolução e permitir que os professores introduzam o Desenho Inteligente e o neocriacionismo”, acrescentou.
O Desenho Inteligente defende a ideia de que a evidência científica pode demonstrar que formas de vida se desenvolveram sob o direcionamento de uma inteligência superior.
O Discovery Institute, cujo modelo jurídico inspirou o projeto de lei, o enalteceu como “protetor da liberdade acadêmica de professores de ciência para que possam discutir de forma abrangente e objetiva tópicos científicos controversos, como a evolução”.
Radicado em Seattle, o grupo apoia o ensino de alternativas à evolução em escolas públicas, bem como a pesquisa sobre o Desenho Inteligente.
A última controvérsia é parte de uma longa batalha entre os defensores de um ensino público secular e cristãos conservadores, que acusam as autoridades de atacarem sua liberdade ao manter a religião fora da esfera pública.
Em dezembro de 2010, uma pesquisa do instituto Gallup revelou que 4 em 10 americanos acreditam que Deus criou os homens em sua forma atual cerca de dez mil anos atrás. Mas evidências científicas demonstram que os humanos evoluíram de ancestrais símios ao longo de um período de cerca de seis milhões de anos.
Em 1968, com base na separação entre Estado e Igreja, a Suprema Corte considerou inconstitucional banir o ensino da Teoria da Evolução.
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