Deve-se escolher o alimento que melhor
proveja os elementos necessitados para a edificação do organismo. Nessa
escolha, o apetite não é um guia seguro. Mediante hábitos errôneos de
comer, o apetite se tornou pervertido. Muitas vezes exige alimento que
prejudica a saúde e a enfraquece em lugar de fortalecê-la. Não nos
podemos guiar com segurança pelos hábitos da sociedade. A doença e o
sofrimento que por toda parte dominam são em grande parte devidos a
erros populares com referência ao regime alimentar. [...]
Mas nem
todas as comidas saudáveis em si mesmas são igualmente adequadas a
nossas necessidades em todas as circunstâncias. Deve haver cuidado na
seleção do alimento. Nossa comida deve ser de acordo com a estação, o
clima em que vivemos e a ocupação em que nos empregamos. Certas comidas
apropriadas para uma estação ou um clima, não o são para outro. Assim,
há diferentes comidas mais adequadas às pessoas segundo as várias
ocupações. Muitas vezes, alimentos que podem ser usados com proveito por
pessoas que se empenham em árduo labor físico não são próprios para as
de trabalho sedentário, ou de intensa aplicação mental. Deus nos tem
dado ampla variedade de comidas saudáveis, e cada pessoa deve escolher
dentre elas aquelas que a experiência e o bom senso demonstram ser as
mais convenientes às suas próprias necessidades.
O plano original de Deus quanto à nossa alimentação —
A fim de saber quais são os melhores alimentos, cumpre-nos estudar o
plano original de Deus para o regime do homem. Aquele que criou o homem e
lhe compreende as necessidades designou a Adão o que devia comer: “Eis
que vos tenho dado toda erva que dá semente [...] e toda árvore em que
há fruto de árvore que dá semente; ser-vos-ão para mantimento”. Gênesis
1:29. Ao deixar o Éden para ganhar a subsistência lavrando a terra sob a
maldição do pecado, o homem recebeu também permissão para comer a “erva
do campo”. Gênesis 3:18.
Cereais, frutas, nozes e verduras
constituem o regime dietético escolhido por nosso Criador. Esses
alimentos, preparados da maneira mais simples e natural possível, são os
mais saudáveis e nutritivos. Proporcionam uma força, uma resistência e
vigor intelectual que não são promovidos por uma alimentação mais
complexa e estimulante. [...]
A fim de manter a saúde, é necessária suficiente provisão de alimento bom e nutritivo.
Se planejarmos sabiamente, os artigos que
promovem a boa saúde podem ser obtidos em quase todas as terras. Os
vários artigos preparados de arroz, trigo, milho e aveia são enviados
para toda parte, bem como feijões, ervilhas e lentilhas. Estes,
juntamente com as frutas nacionais ou importadas, e a quantidade de
verduras que dão em todas as localidades, oferecem oportunidade de
escolher um regime dietético completo, sem o uso de alimentos cárneos.
[...]
Onde quer que as frutas secas como
passas, ameixas, maçãs, pêras, pêssegos e abricós se podem obter por
moderado preço, verificar-se-á que se podem usar como artigos principais
de regime, muito mais abundantemente do que se costuma fazer, com os
melhores resultados para a saúde de todas as classes. — A Ciência do Bom
Viver, 295, 296, 299.
A ciência de preparar os alimentos —
Cozinhar não é ciência desprezível, porém uma das mais essenciais na
vida prática. É uma arte que todas as mulheres deviam aprender, devendo
ser ensinada de um modo que beneficiasse às classes mais pobres. Fazer
comida apetecível e ao mesmo tempo simples e nutritiva requer
habilidade; pode no entanto ser feito. As cozinheiras devem saber
preparar alimento de maneira simples e saudável, e de modo que seja mais
apetecível e mais são, justo por causa de sua simplicidade. — A Ciência
do Bom Viver, 302, 303.
Façamos progresso inteligente na
simplificação do nosso regime alimentar. Na providência de Deus, cada
país produz artigos de alimento contendo os nutrientes necessários para a
construção do corpo. Esses produtos podem ser transformados em pratos
saudáveis e apetitosos. — Medicina e Salvação, 274.
Muitos não consideram esta uma questão de
dever, por isso não procuram preparar alimento adequadamente. Este pode
ser feito de maneira simples, saudável e fácil, sem usar banha,
manteiga ou alimentos cárneos. A habilidade deve estar ligada à
simplicidade. Para isso, as mulheres devem ler e, depois, transformar
pacientemente em prática o que leram. — Testimonies for the Church
1:681.
Frutas, cereais e verduras, preparados de
maneira simples, livres de especiarias e gordura animal de qualquer
espécie, fazem com leite ou nata, o regime alimentar mais sadio. —
Conselhos Sobre Saúde, 115.
Cereais e frutas preparados sem gordura, e
no estado mais natural possível, devem ser o alimento para as mesas de
todos os que professam estar-se preparando para a trasladação ao Céu. —
Testimonies for the Church 2:352.
Em geral, usa-se demasiado açúcar no
alimento. Bolos, pudins, massas folhadas, geléias e doces são causa
ativa de má digestão. Especialmente nocivos são os cremes e pudins em
que o leite, ovos e açúcar são os principais ingredientes. Deve-se
evitar o uso abundante de leite e açúcar juntos. — A Ciência do Bom
Viver, 301, 302.
Quanto menor for a quantidade de açúcar
introduzida no preparo da alimentação, menor a dificuldade experimentada
em virtude do calor do clima. — Conselhos Sobre o Regime Alimentar, 95.
O leite que se usa deve ser perfeitamente
esterilizado; com esta precaução, há menos perigo de contrair doenças
por seu uso. — A Ciência do Bom Viver, 302.
Pode vir o tempo em que não seja seguro
usar leite. Se, porém, as vacas são sadias e o leite suficientemente
fervido, não há necessidade de criar antecipadamente um tempo de
angústia. — Conselhos Sobre o Regime Alimentar, 357.
Comidas condimentadas —
Os condimentos, tão freqüentemente usados pelos mundanos, são
prejudiciais à digestão. — Conselhos Sobre o Regime Alimentar, 339.
Nesta época de pressa, quanto menos
estimulante for a comida, melhor. Os condimentos são prejudiciais em sua
natureza. A mostarda, a pimenta, as especiarias, os picles e coisas
semelhantes irritam o estômago e tornam o sangue febril e impuro. O
estado de inflamação do estômago do bêbado é muitas vezes pintado para
ilustrar os efeitos das bebidas alcoólicas. Condição semelhante de
inflamação é produzida pelo uso de condimentos irritantes. Dentro em
pouco, a comida comum não satisfaz o apetite. O organismo sente
necessidade de alguma coisa mais estimulante. — A Ciência do Bom Viver,
325.
Muitos têm condescendido tanto com o
paladar, que a menos que tenham justamente o alimento exigido pelo
mesmo, não encontram prazer nele. Caso sejam postas diante deles comidas
condimentadas, fazem o estômago trabalhar aplicando-lhe esse
causticante açoite; pois esse estômago tem sido tratado de tal modo que
não reconhece comida não estimulante. — Conselhos Sobre o Regime
Alimentar, 340.
Os condimentos a princípio irritam as
tenras mucosas do estômago, mas finalmente destroem a sensibilidade
natural dessa delicada membrana. O sangue torna-se febril, despertam-se
as propensões animalescas, enquanto se enfraquecem as faculdades morais e
intelectuais, tornando-se servas das paixões baixas. A mãe deve cuidar
em pôr diante de sua família uma alimentação simples, se bem que
nutritiva. — Conselhos Sobre Saúde, 114.
A importância da regularidade —
Tomada a refeição regular, deve-se permitir ao estômago um descanso de
cinco horas. Nenhuma partícula de alimento deve ser introduzida no
estômago até a próxima refeição. Neste intervalo o estômago efetuará seu
trabalho, estando então em condições de receber mais alimento. —
Conselhos Sobre o Regime Alimentar, 179.
A regularidade nas refeições deve ser
fielmente observada. Coisa alguma se deve comer entre elas, nada de
doces, nozes, frutas, ou qualquer espécie de comida. A irregularidade na
alimentação arruína a saúde dos órgãos digestivos, com detrimento da
saúde em geral, e da alegria. E, quando as crianças chegam à mesa, não
apetecem os alimentos sãos; desejam o que lhes é prejudicial. — A
Ciência do Bom Viver, 384.
Quando nos deitamos para repousar, o
estômago já devia ter concluído a sua obra, a fim de, como os demais
órgãos do corpo, fruir repouso. Para as pessoas de hábitos sedentários,
as ceias tarde da noite são particularmente nocivas. [...]
Em muitos casos, a fraqueza que leva a
desejar alimento é sentida porque os órgãos digestivos foram muito
sobrecarregados durante o dia. Depois de digerir uma refeição, os órgãos
que se empenharam nesse trabalho precisam de repouso. Pelo menos cinco
ou seis horas devem entremear as refeições; e a maior parte das pessoas
que experimentarem esse plano verificará que duas refeições por dia são
preferíveis a três. [...]
O costume de comer apenas duas vezes por
dia, em geral, demonstra-se benéfico à saúde; todavia, sob certas
circunstâncias, talvez algumas pessoas tenham necessidade de uma
terceira refeição. Esta, porém, deve ser muito leve, e de comida de
fácil digestão. — A Ciência do Bom Viver, 304, 321.
Quando os alunos combinam o esforço
físico e mental, [...] deixa de existir, em grande parte, a objeção à
terceira refeição. [...] Tomem os estudantes a terceira refeição,
preparada sem verduras, mas com alimento simples e saudável, tais como
frutas e pão. — Conselhos Sobre o Regime Alimentar, 178.
A comida não deve ser ingerida muito
quente nem muito fria. Se está fria, as forças vitais do estômago são
chamadas a fim de aquecê-la antes de ter começo o processo digestivo.
Bebidas frias, pelo mesmo motivo, são prejudiciais. Por outro lado, o
uso copioso de bebidas quentes é debilitante. Na verdade, quanto mais
líquido for ingerido nas refeições, tanto mais difícil se tornará a
digestão do alimento, pois o líquido precisa ser absorvido primeiro para
que principie a digestão. Não useis sal em quantidade, evitai os picles
e comidas condimentadas, servi-vos de abundância de frutas, e a
irritação que requer tanta bebida nas refeições desaparecerá em grande
parte. A comida deve ser ingerida devagar, completamente mastigada. Isso
é necessário para a saliva ser devidamente misturada com o alimento, e
os sucos digestivos chamados à ação. — A Ciência do Bom Viver, 305.
A aplicação dos princípios de saúde —
Há verdadeiro bom senso na reforma do regime. O assunto deve ser
estudado de forma ampla e profunda. Ninguém deve criticar outros porque
não estejam, em todas as coisas, agindo em harmonia com seu ponto de
vista. É impossível estabelecer uma regra fixa para regular os hábitos
de cada um, e ninguém se deve considerar critério para todos. Nem todos
podem comer as mesmas coisas. Comidas apetecíveis e sãs para uma pessoa
podem ser desagradáveis e mesmo nocivas para outra. Alguns não podem
usar leite, ao passo que outros tiram bom proveito dele. Há pessoas que
não conseguem digerir ervilhas e feijão; para outros, eles são
saudáveis. Para uns, as preparações de cereais integrais são boas,
enquanto outros não as podem ingerir. — A Ciência do Bom Viver, 319,
320.
Onde tem havido condescendência com
hábitos errôneos, não deve haver demora em reformá-los. Quando a
dispepsia tem sido o resultado do mau trato infligido ao estômago,
façam-se cuidadosos esforços para conservar o resto da resistência das
forças vitais, afastando toda sobrecarga. Talvez o estômago nunca
recupere inteiramente a saúde depois de longo tempo de mau trato; mas
uma correta orientação no regime dietético poupará posterior debilidade,
e muitos se recuperarão mais ou menos. [...]
Homens fortes, que se empenham em ativo
trabalho físico, não são forçados a cuidar tanto no que respeita à
qualidade e à quantidade do alimento, como as pessoas de hábitos
sedentários; mas mesmo esses desfrutariam melhor saúde se usassem de
domínio sobre si mesmos quanto ao comer e ao beber.
Alguns desejariam que se lhes
prescrevesse uma regra exata para seu regime. Comem demais, e depois se
lamentam, e ficam sempre a pensar no que comem e bebem. Não deve ser
assim. Uma pessoa não pode ditar uma estrita regra para outra. Cada um
deve exercer discernimento e domínio, agindo por princípio. [...]
A reforma dietética deve ser progressiva.
À medida que as doenças aumentam nos animais, o uso de leite e ovos se
tornará cada vez menos livre de perigo. Deve-se fazer um esforço para os
substituir com outras coisas que sejam saudáveis e pouco dispendiosas. O
povo de toda parte deve ser ensinado a cozinhar sem leite e ovos, isso o
quanto possível, fazendo não obstante comida saudável e gostosa. [...]
Deus não é honrado quando o corpo é
negligenciado ou maltratado, ficando assim incapacitado para Seu
serviço. Cuidar do corpo, proporcionando-lhe comida saborosa e
revigorante, é um dos principais deveres dos pais de família. É muito
melhor usar roupas e mobília menos caras do que restringir a provisão de
alimento.
Alguns chefes de casa poupam na mesa da
família a fim de proporcionar dispendiosa hospedagem às visitas. Isso
não é sábio. Deve haver maior simplicidade na hospedagem. Dê-se primeiro
atenção às necessidades da família.
Uma economia destituída de sabedoria e os
costumes artificiais impedem o exercício da hospitalidade onde é
necessária e quando seria uma bênção. A quantidade regular de alimento
deve ser de maneira que se possa receber de boa vontade o inesperado
hóspede, sem sobrecarga para a dona-de-casa, com preparativos extras.
[...]
Considerai cuidadosamente vosso regime.
Estudai das causas para os efeitos. Cultivai o domínio de vós mesmos.
Mantende o apetite sob o domínio da razão. Nunca abuseis do estômago,
comendo excessivamente, mas não vos priveis da comida saudável e
saborosa que a saúde exige. — A Ciência do Bom Viver, 308, 310, 320-323.
Os que entendem as leis da saúde e são
governados por princípios fugirão dos extremos, tanto da condescendência
como da restrição. Sua alimentação é escolhida não meramente para
agradar o apetite, mas para fortalecimento do organismo. Procuram
conservar todas as faculdades nas melhores condições para o mais elevado
serviço a Deus e aos homens. O apetite acha-se sob o controle da razão e
da consciência, e são recompensados com a saúde física e mental. Embora
não insistam de modo impertinente em seus pontos de vista para os
outros, seu exemplo é um testemunho em favor dos princípios corretos.
Essas pessoas exercem vasta influência para o bem. — A Ciência do Bom
Viver, 319.
Não devemos, no sábado, aumentar a
quantidade de alimento ou preparar maior variedade do que noutros dias.
Ao contrário, a refeição do sábado deve ser mais simples, convindo comer
menos do que nos outros dias, a fim de ter o espírito claro e em
condições de compreender os temas espirituais. [...]
Embora deva a gente abster-se de cozinhar
aos sábados, não é necessário ingerir a comida fria. Em dias frios,
convém aquecer o alimento preparado no dia anterior. As refeições, posto
que simples, devem ser apetitosas e atraentes. — Testimonies for the
Church 6:357. Especialmente nas famílias em que há crianças, é bom, aos
sábados, qualquer coisa que seja considerada como um prato especial,
coisa que a família não tenha todos os dias. — A Ciência do Bom Viver,
307, 308.
O controle do apetite —
Uma das mais vigorosas tentações que o homem tem de enfrentar é quanto
ao apetite. Existe entre a mente e o corpo misteriosa e admirável
relação. Um reage sobre o outro. Conservar o corpo em condição saudável a
fim de desenvolver-lhe a resistência, para que cada parte do organismo
funcione harmoniosamente, eis o que deve constituir o primeiro estudo em
nossa vida. Negligenciar o corpo é negligenciar a mente. Não pode ser
para glória de Deus terem Seus filhos corpo enfermo ou mente atrofiada.
Condescender com o paladar à custa da saúde é ímpio abuso dos sentidos.
Os que cometem qualquer espécie de intemperança, seja no comer ou no
beber, desperdiçam as energias físicas e enfraquecem a força moral.
Esses experimentarão a retribuição que acompanha a transgressão da lei
física. — Testimonies for the Church 3:485, 486.
Muitos estão se incapacitando para o
trabalho, mental e fisicamente, pelos excessos no comer e pela
satisfação de paixões concupiscentes. Fortalecem-se as tendências
pecaminosas, enquanto a natureza moral e espiritual se debilita. Quando
estivermos junto ao grande trono branco, que registro apresentará então a
vida de muitos! Então verão o que poderiam ter realizado se não
tivessem envilecido as faculdades que Deus lhes concedera. Então
reconhecerão que alturas de grandeza intelectual poderiam ter atingido,
se tivessem dedicado a Deus toda a força mental e física que lhes
confiara. Em sua agonia de remorso ansiarão poder viver de novo toda a
sua vida. — Testimonies for the Church 5:135.
Todo verdadeiro cristão controlará o
apetite e as paixões. A menos que ele esteja livre da servidão do
apetite, não pode ser um genuíno e obediente servo de Cristo. É a
condescendência com o apetite e as paixões que tornam a verdade sem
efeito para o coração. Impossível é ao espírito e ao poder da verdade
santificarem o homem — alma, corpo e espírito — quando ele é dominado
pelo apetite e a paixão. — Testimonies for the Church 3:569, 570.
O grande objetivo por que Cristo suportou
aquele longo jejum no deserto foi ensinar-nos a necessidade da
abnegação e da temperança. Essa obra deve começar à nossa mesa, e ser
estritamente efetuada em todos os aspectos da vida. O Redentor do mundo
veio do Céu para ajudar o ser humano em sua fraqueza para que, no poder
que Jesus lhe veio trazer, ele se torne forte para vencer o apetite e a
paixão, fazendo-se vitorioso em todos os pontos. — Testimonies for the
Church 3:488.
Ellen G. White, Conselhos para a Igreja, capítulo 40.
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