Ideia central 1: A Bíblia não deixa claro se a fonte de luz do primeiro dia da semana da criação era o Sol, o próprio Deus ou uma supernova, por exemplo. Também não fica claro se Deus trouxe o Sol e a Lua à existência no quarto dia ou “apenas” os revelou para um observador na Terra. O fato é que desde o primeiro dia da criação já houve tarde e manhã, o que tornam necessárias a rotação do planeta e uma fonte de luz. A menção à criação das estrelas parece ser uma frase parentética, sugerindo que elas tenham sido criadas antes do sistema solar ou da Terra. Assim como os planetas, as luas e as estrelas revelam planejamento e ordem. Na Terra, os seres criados também revelam as digitais do Criador. Basta pensar, por exemplo, na engenharia do voo, no sonar dos golfinhos ou mesmo na tremenda quantidade de informação complexa e específica contida no DNA.
Ideia central 2: Em Sua sabedoria e soberania, Deus decidiu realizar a criação em sete dias literais de 24 horas, ciclo que permanece até hoje, independentemente de quaisquer movimentos astronômicos, como os que determinam os dias, os meses e os anos. No fim dessa semana está o sábado – presente de Deus para o ser humano (Mc 2:27), que deve ser usado para aprofundar a relação criatura-Criador. Se a semana da criação não tivesse sido composta de dias literais de 24 horas, o próprio mandamento do sábado (Êx 20:8-11) perderia o sentido, já que ele serve para lembrar que Deus criou o mundo exatamente em seis dias. Aliás, nas Escrituras, a palavra yom (“dia”) invariavelmente significa um período literal de 24 horas, quando precedida por um numeral, o que ocorre 150 vezes no Antigo Testamento. É claro que Deus poderia ter criado a vida neste mundo em seis mil anos ou em seis segundos, mas a revelação bíblica deixa claro que Ele escolheu criar em seis dias e “descansar” no sétimo. Ponto final.
Para refletir
1. Que luz foi aquela criada no primeiro dia da semana da criação? E quanto ao Sol, à Lua e às estrelas, mencionados apenas no quarto dia?
2. De que forma os seres criados revelam as digitais do Criador?
3. Qual é o propósito do sábado e que evidências temos de que os dias da criação tinham 24 horas, como hoje?
2. De que forma os seres criados revelam as digitais do Criador?
3. Qual é o propósito do sábado e que evidências temos de que os dias da criação tinham 24 horas, como hoje?
Ampliação
Acaso ou planejamento?
A extraordinária capacidade criativa e mantenedora do ser humano – criado à imagem e semelhança do Criador – se manifesta de modo especial quando ele procura imitar os complexos sistemas ordenados da natureza. Nesse sentido, seria interessante destacar alguns conceitos fundamentais (sistemas homólogos e sistemas automatizados), válidos tanto para interpretar biologicamente a natureza, como também para reconhecer as muitas similaridades apresentadas pelos artefatos humanos.
Determinadas partes de veículos motorizados podem ser homólogas. Assim, na figura 1, são apresentados quatro diferentes tipos de veículos (transporte terrestre, aéreo e marítimo), cujas estruturas homólogas se encontram destacadas no centro da ilustração: rodas e hélices acionadas por um eixo constituem os elementos que promovem a movimentação dos respectivos veículos. Um segundo exemplo de artefatos humanos pode ser fornecido por uma típica linha de produção em série, vinculada à automação e à informática (figura 2). Nas linhas de montagem robotizadas de veículos automotivos, atualmente se verificam várias etapas de fabricação em que a atuação humana direta (manutenção do processo) não é visível. Para o leigo, a referida sequência contínua de operações assume ares de pura “magia”.
Figura 1
Figura 2
No âmbito da biologia comparada, os sistemas homólogos são frequentemente representados pelos membros de locomoção ilustrados no centro da figura 3. Os correspondentes mamíferos (ambiente terrestre, aéreo e marinho), evidentemente, são infinitamente mais complexos se comparados com os veículos motorizados da figura 1. Quando nos referimos à automação, os sistemas automatizados da natureza se destacam de maneira extraordinária. O fantástico desenvolvimento do ser humano (figura 4), desde o zigoto até a fase adulta (com seu extraordinário cérebro), constitui uma das maravilhas da natureza, ainda não totalmente compreendida. O mais impressionante é que esse processo se perpetua de maneira contínua e extremamente eficaz, mediante a reprodução.
Figura 3
Figura 4
Paralelamente (considerando-se os automotivos), seria algo impressionante admitirmos a possibilidade de que todas as etapas de determinada produção em série fossem perfeitamente automatizadas. Poderíamos, finalmente, idealizar uma situação mais perfeita (ou utópica): os referidos veículos terem, durante sua vida útil, a capacidade fantástica de autorreparação e de autorreprodução, sem a interferência humana. Na verdade, os precários sistemas automatizados, identificados nos artefatos humanos (apresentam estruturas extremamente simplificadas), têm duração limitada, necessitam de contínua reparação, não se reproduzem... A lista de limitações é enorme, quando comparamos os sistemas robotizados com a complexidade dos organismos.
No entanto, em todas as conquistas tecnológicas, destaca-se a mente humana, com sua excepcional inteligência, criatividade e extraordinário espírito idealizador e empreendedor, capaz de conceber, planejar, executar e aperfeiçoar projetos com propósitos bem definidos. O desejo de otimizar determinado processo é inerente à natureza humana. A máquina ou mecanismo ideal seria aquele capaz de funcionar perfeita e eternamente (moto-perpétuo). Entretanto, qualquer mecanismo perfeitamente autossustentável (moto-contínuo) transgride as leis da termodinâmica, portanto, algo inconcebível no âmbito da existência humana. Assim, os artefatos humanos aqui considerados (veículos motorizados), por mais perfeitos que tenham sido projetados (ou criados), sem manutenção, um dia deixarão de funcionar.
Por um lado, sabemos que os complexos artefatos e os arrojados empreendimentos do século 21, produzidos em série ou exclusivos – automóveis, aviões, computadores, megaconstruções, naves espaciais, etc., apontam para projetos minuciosamente desenvolvidos pela genial mente humana. Esses mesmos produtos das realizações do ser humano podem ainda ser classificados em grandes grupos, sendo que os produtos de cada grupo guardam notáveis semelhanças entre si. Por outro lado, seria óbvio admitir que o complexo e prodigioso cérebro humano tenha sido também planejado e criado com os demais seres (com suas respectivas peculiaridades), conservando, igualmente, semelhanças entre si (homologias, analogias, embriologia comparada, etc.).
Usando honestamente a razão, somos induzidos a admitir que tanto os artefatos humanos quanto os sistemas naturais evocam intencionalidade, propósito e planejamento. Ou seja, se um veículo aponta, inevitavelmente, para seu criador, um extraordinário projetista que também fornece um manual de utilização e manutenção, muito mais o ser humano, infinitamente mais complexo, com sua prodigiosa mente criativa, reflete a obra-prima de um poderoso e genial Projetista, Criador e Mantenedor, que nos presenteou com o Manual dos manuais: a Bíblia.
Finalmente, as semelhanças estruturais (homologias) ou funcionais (analogias), entre outras similitudes observadas nos seres vivos e estudadas pela biologia comparada, apontam muito mais convincentemente para um Originador incomum do que propriamente para uma origem comum. Nesse caso, o Planejador teve liberdade para combinar Suas soluções construtivas. Quando os principais grupos de animais (níveis taxonômicos superiores) são comparados, o grau de congruência morfológica e bioquímica revela muito mais razões funcionais vinculadas à existência de um projeto original ou plano estrutural básico, do que supostas alterações macroevolutivas que teriam ocorrido ao acaso (árvores filogenéticas imaginárias).
Assim, quer olhemos para as maravilhas do Universo ou para as evidências de design inteligente nos seres criados, uma coisa não podemos deixar de concluir: projetos assim tão bem elaborados dependem de um Projetista muito poderoso e inteligente. O acasodefinitivamente não constitui uma resposta racional para a origem do extraordinário mundo natural que nos rodeia.
Conclusões
– A frase rítmica “e houve tarde e manhã” provê uma definição para o “dia” da criação. E se o “dia” da criação se constitui de tarde e manhã, é, portanto, literal. O termo hebraico para “tarde” (‘ereb) abrange toda a parte escura do dia (ver dia/noite em Gn 1:14). O termo correspondente, “manhã” (em hebraico bqer) representa a parte clara do dia. “Tarde e manhã” é, portanto, uma expressão temporal que define cada dia da criação como literal. Não pode significar nada mais.
– As palavras usadas nos Dez Mandamentos deixam claro que o “dia” da criação é literal, composto por 24 horas, e demonstram que o ciclo semanal é uma ordenança temporal da criação. Aliás, como explicar a origem do ciclo semanal, se não pela criação em seis dias literais seguidos do repouso do sétimo dia? A semana não está vinculada a nenhum movimento ou fenômeno astronômico, como os dias (rotação da Terra), os anos (translação) e os meses. A palavra divina, que promulga a santidade do sábado, toma os seis dias da criação como sequenciais, cronológicos e literais. Dizer o contrário, portanto, é ir contra o contexto literário de Gênesis e contra o Criador.
– A criação da vegetação ocorreu no terceiro dia (ver Gn 1:11, 12). Grande parte dessa vegetação parece ter necessitado de insetos para a polinização. Mas os insetos só foram criados no quinto dia (v. 20). Se a sobrevivência desses tipos de plantas, que necessitam de insetos e outros animais para a polinização, dependesse deles para a reprodução, então haveria um sério problema se o “dia” da criação significasse “era”. Ainda mais: a teoria dos dias-eras exigiria um longo período de iluminação e outro de escuridão para cada uma das supostas épocas. Isso, é claro, seria fatal tanto para as plantas quanto para os animais. Os dias da criação devem ser entendidos como literais e não como representando longos períodos de tempo. Argumentar em contrário é forçar o texto bíblico a dizer o que não diz.
– Leia sobre maravilhas relacionadas com seres alados (aqui e aqui) e com animais terrestres (aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui).
– Leia o texto “Hormônios: orquestra afinada” (aqui).
– Gênesis 2:1-3 apresenta a conclusão da obra criativa de Deus. Para celebrar e recordar esse evento, Deus estabeleceu o sábado. Os seres humanos também costumam construir monumentos para recordar grandes feitos e acontecimentos. Um monumento é um memorial comemorativo no espaço. O sábado é um memorial no tempo. Não é o simples marco de uma construção qualquer; é o memorial da origem da vida, o monumento comemorativo da criação. Ao separarmos o sétimo dia da semana para fins religiosos (culto a Deus, auxílio aos necessitados, contato com a natureza), estamos reconhecendo o Senhor como o Todo-poderoso Criador do Universo. E o sábado é mais do que um simples repouso físico. É, antes de tudo, uma pausa para um contato mais íntimo com Deus, de tal maneira que as outras atividades ficam para depois.
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