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quarta-feira, 14 de março de 2012

O Mediador – Nossa Salvação está nas Mãos de Jesus

No dia 12 de outubro de 2010, o mundo prendeu a respiração enquanto uma ousada operação de resgate alcançava seu clímax. Sessenta e nove dias antes, 33 homens ficaram presos a mais de 610 metros de profundidade, sob uma pesada rocha que deslizou e lhes vedou a saída em uma mina de ouro e cobre, na qual eles trabalhavam no Chile. Durante semanas, os operadores do resgate perfuraram uma saída de emergência, que dava passagem a uma cápsula com pouco mais de meio metro de diâmetro, pela qual os mineiros seriam resgatados. Funcionaria o plano?
A história da tentativa de resgate daqueles mineiros chilenos atraiu a atenção do mundo. Repórteres de televisão de mais de 200 países, incluindo a Coreia do Norte, reuniram-se no local. O presidente chileno, Sebastián Piñera, aguardava o momento de cumprimentar os mineiros, depois que saíssem de seu quente e enlameado calabouço.
Logo depois da meia-noite, a expectativa se transformou em júbilo, quando a cápsula de escape trouxe à superfície o primeiro mineiro. Holofotes brilharam, bandas tocaram o hino nacional chileno, abraços foram trocados, lágrimas de alegria foram derramadas. Durante as 21 horas seguintes, um por um os mineiros foram resgatados, até que todos foram devolvidos às respectivas famílias e aos amigos.
Foi um momento maravilhoso! Um breve intervalo entre as más notícias que a mídia normalmente transmite. Todavia, esse episódio em nada é comparável ao dia em que todo o Céu prendeu a respiração. Foi a ocasião em que o destino de todo o mundo estava em jogo. Nós também fomos aprisionados, condenados a morrer em um asqueroso poço de pecado, sem nenhum meio nem esperança de escape. Mas, o Filho de Deus, perfurando o caminho através da rígida rocha do desespero, iniciou uma ousada missão de resgate. Enquanto essa missão alcançava seu clímax e Ele enfrentava a agonia do Getsêmani e a vergonha do Calvário, o Universo observava perplexo e apreensivo.
Ellen G. White escreveu: “Os mundos não caídos e os anjos celestiais vigiavam com intenso interesse o conflito que se aproximava do desfecho. Satanás e suas hostes do mal, as legiões da apostasia, seguiam muito atentamente essa grande crise na obra da redenção. Os poderes do bem e do mal aguardavam para ver a resposta que seria dada à oração de Cristo – três vezes repetida. Os anjos anelavam trazer alívio ao divino Sofredor, mas isso não era possível. Nenhum meio de escape havia para o Filho de Deus. Nessa horrível crise, quando tudo estava em jogo, quando o misterioso cálice tremia nas mãos do Sofredor, abriu-se o Céu, surgiu uma luz por entre a tempestuosa treva da hora da crise, e o poderoso anjo que se acha na presença de Deus, ocupando a posição da qual Satanás caíra, veio para junto de Cristo” (O Desejado de Todas as Nações, p. 693).
Um e único – Que maravilhoso Salvador é Jesus! Tornando-Se genuinamente humano, tomando nossa carne e nosso sangue, Ele Se tornou também nosso grande sumo sacerdote, o mediador entre Deus e o homem. Ele é o Deus-homem que atravessou o abismo que a queda de nossos primeiros pais abriu entre o Céu e a Terra.
O santuário terrestre e seus rituais apontavam para Ele, Seu sacrifício e sacerdócio. O sangue de cordeiros, bodes e outros animais, oferecido pelo penitente pecador, prenunciava Jesus, o Cordeiro de Deus, que tiraria o pecado do mundo. E o ministério sacerdotal – especialmente o sumo sacerdote, a quem somente era permitido entrar no Lugar Santíssimo do santuário uma vez ao ano, no Dia da Expiação – apontava para o mais amplo ministério do Deus-homem no santuário celestial.
“Há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem”, escreveu o apóstolo Paulo (1Tm 2:5). “Por isso mesmo, Ele é o Mediador da nova aliança, a fim de que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia sob a primeira aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles que têm sido chamados” (Hb 9:15).
Um Mediador – Somente um! Ninguém mais pode ligar o Céu e a Terra. Ninguém pode perdoar pecados. Ninguém pode nem deve reivindicar para si o que somente Jesus pode ser e fazer. Não necessitamos confessar nossos pecados a um mero ser humano que reivindica a função como intermediário que leva nossas petições a Deus. Não! “Se, todavia, alguém pecar, temos advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; e Ele é a propriciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro” (1Jo 2:1, 2).
Nosso Mediador no Céu é Alguém que compreende nossas lutas. Ele já esteve aqui, lutou, foi tentado, sentiu dor e pesar, sofreu rejeição. Toda e qualquer coisa que nos aconteça Ele já experimentou.
Em uma exposição maravilhosa, o livro aos hebreus apresenta a realidade de Jesus como nosso grande Sumo Sacerdote. No primeiro capítulo, é mostrado como Ele é verdadeiramente Deus, superior aos anjos. “Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do Seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do Seu poder…” “Mas acerca do Filho: O Teu trono, ó Deus, é para todo o sempre” (Hb 1:3, 8).
Maravilhosas implicações – Deixemos que essa gloriosa verdade penetre nosso ser: Ao vir Jesus ao mundo, veio Deus. Cristo não é apenas um trecho da estrada entre o Céu e a Terra; Ele é a estrada, é Deus. Tudo o que Deus é, Jesus também é. Ele sempre foi, é e será. “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava
com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1:1).
Jesus nos ama tanto a ponto de nos considerar Seus amigos (Jo 15:14, 15), assim como Abraão, no Antigo Testamento, foi chamado “amigo” de Deus (2Cr 20:7). Podemos desfrutar Sua preciosa amizade, mas nunca devemos nos esquecer de que Ele é Deus! Em nossas orações, nossos cânticos, em nosso falar a respeito de Jesus, jamais devemos tratá-lo como “qualquer um”.
Voltemos ao livro de Hebreus. Enquanto o primeiro capítulo argumenta que Jesus é verdadeiramente Deus, o segundo capítulo O apresenta como verdadeiramente homem. “Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também Ele, igualmente, participou, para que, por Sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida” (Hb 2:14, 15).
Aqui está novamente a grande missão de resgate. Jesus não enviou alguém para executá-la; Ele mesmo veio porque ninguém mais poderia fazer isso. Ele Se tornou um conosco, experimentou o último horror diante do qual todos nós desejamos retroceder – a morte. Entrou no domínio da morte e destruiu seu poder, desfez o temor a respeito dela. Ressuscitou da morte, deixando a tumba vazia!
Verdadeiramente Deus, verdadeiramente homem! Jesus é o Deus-homem, único no Universo. Assim, Ele Se tornou nosso Sumo Sacerdote, ministrando na corte celestial: “Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, Se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo” (Hb 2:17).
Ao longo da história humana e ainda hoje, homens e mulheres têm sentido a necessidade de sacerdotes. Conscientes da própria indignidade, eles têm buscado outros homens a quem consideram íntimos de Deus e, portanto, habilitados a apresentar suas orações e outras necessidades, de tal modo que sejam aceitáveis a Deus. Entretanto, a verdade é que sempre houve e há somente um verdadeiro Sacerdote, o Deus-homem que, em Sua pessoa, nos leva à presença de Deus. Todos os demais são apenas pretensas imitações do Sacerdote. Eles mesmos necessitam do Mediador Jesus Cristo. É por isso que mesmo o sumo sacerdote do santuário terrestre tinha que “oferecer sacrifícios pelos pecados, tanto do povo como de si mesmo” (Hb 5:3).
A doutrina do sacerdócio de Jesus no santuário celestial é uma preciosa verdade entregue aos adventistas do sétimo dia, para ser partilhada com o mundo. Em essência, ela nos dá segurança em quatro áreas vitais:
1. A realidade de nossa esperança. Para muitos cristãos, hoje, a realidade do Céu perdeu seu significado. Mesmo alguns pastores já não acreditam na ressurreição; creem que a imortalidade prometida é a continuação da vida em nossos filhos e netos. Porém, o ministério contínuo de Jesus garante que o Céu é real e que Ele virá novamente para nos levar com Ele. “O essencial das coisas que temos dito é que possuímos tal Sumo Sacerdote, que Se assentou à destra do trono da Majestade nos Céus, como ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem” (Hb 8:1, 2).
2. A realidade do perdão. Não importa o que nossos sentimentos possam sugerir. Temos um Mediador que vive “sempre para interceder” por nós (Hb 7:25). Os sentimentos são volúveis; não Jesus. Embora todos os outros se revelem indignos de confiança, “Ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-Se a Si mesmo” (2Tm 2:13).
3. O Céu é um lugar de boas-vindas. É nossa casa. Não chegamos ali bajulando, com chapéu na mão. Jesus está ali à nossa disposição; Ele faz com que nos sintamos bem-vindos. “Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande Sumo Sacerdote que penetrou os Céus, conservemos firmes a nossa confissão. Porque não temos Sumo Sacerdote que não possa compadecer-Se das nossas fraquezas; antes, foi Ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hb 4:14-16).
4. O santuário é um lugar de poder. Jesus não apenas nos compreende, mas simpatiza conosco em nossas lutas. Ele nos dá poder para vencer: “Naquilo que Ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados” (Hb 2:18).
Querido irmão, querida irmã, você está ciente de que tem um Mediador, Alguém que Se levanta em seu favor na corte celestial? Não importa quão indigna tenha sido sua vida passada, nem quão longe você tenha se distanciado dos santos propósitos de Deus para sua vida. Você é Seu filho, Sua filha. Vá a Ele e lance Suas ansiedades sobre Ele, que as tomará e lhe garantirá Sua paz.
Durante uma reunião de testemunhos, em recente encontro de líderes da Igreja Adventista, um administrador narrou uma fascinante história pessoal. Sete meses antes, ele e a esposa chegaram de avião a Los Angeles, Califórnia. Enquanto faziam acertos para alugar um carro, ele subitamente sentiu uma dor no peito. Soube-se depois que a principal artéria de seu coração estava totalmente bloqueada. A esposa, enfermeira, logo perguntou se alguém tinha aspirina. Felizmente, um dos atendentes tinha uma pastilha no bolso e a deu para ela. Apesar de ter tomado o medicamento, o coração do pastor parou de bater. A esposa então executou a técnica de ressuscitação cardiopulmonar, trazendo-o de volta à vida.
“Sabem vocês o que significa estar como morto?”, perguntou ele à sua estupefata audiência, acrescentando que, enquanto balançava entre a vida e a morte, tudo o que podia pensar era o seguinte: “Nada em minhas mãos eu trago; simplesmente me apego à cruz” (Augusto M. Toldplay).
Se eu não puder viver para ver Cristo voltando, se eu tiver que atravessar o rio gelado da morte, que esse seja meu último pensamento: Jesus, somente Jesus. Ele é tudo o que nós temos nesta vida. Ele será tudo o que desejamos na vida futura. Ele é nosso Salvador, Senhor, Amigo, Rei vindouro e Mediador.
William G. Johnsson, Ph.D., foi por muitos anos editor de Adventist Review e Adventist World. Jubilado, trabalha como assistente do presidente da Associação Geral para assuntos interdenominacionais.

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