Felizmente,
nestes dias de pressa e atropelo, foi separado um dia dos trezentos e
sessenta e cinco, para ser o dia das Mães. Todo ano, no mês de Maio,
dedicamos-lhe um dia, e a alegria nos invade o coração ao vê-lo
retornar. E, conquanto não pretendamos, com o Dia das Mães, liquidar
a nossa conta, apraz-nos efetuar um pequeno pagamento que possa
ser levado a nosso crédito. Um dia não é suficiente — e se cada dia do
ano fosse um Dia das Mães e todo o nosso amor e devotamento se
concentrassem somente em nossa mãe, mesmo assim nunca chegaríamos a
pagar tudo que fez por nós.
A Origem do Dia das Mães
Desde tempos imemoriais têm havido dias
em que se comemoram grandes personagens ou ocasiões. É estranho que o
Dia das Mães não tenha sido introduzido no século vinte. A idéia teve
sua origem no espírito da senhorita Ana jarvis, a quem o
superintendente de uma escola dominical, da qual a mãe da própria
senhorita fora membro muito ativo, pediu que organizasse um culto de
homenagem. A idéia teve o apoio mundial, e em Maio de 1914, foi
designado o segundo domingo daquele mês como o Dia das Mães. Desde então
a observância desse dia têm permanecido sem sofrer interrupção e
esperamos que nunca venha a sofrê-la.
Meditemos
Que devemos a nossa mãe? Que fez ela por
nós? Que fizemos por ela? Nossa mãe passou pelo “vale da sombra da
morte”, para que tu leitor, e eu, pudéssemos viver. Mas nunca alegou
qualquer sofrimento que teve conosco. Sua voz foi a primeira que já
ouvimos, sua face a primeira que conhecemos. Seus’ olhos sempre estavam
pousados sobre nós. De dia e de noite seus ouvidos estavam abertos para
ouvir nosso mais leve choro. Nesses nossos primeiros anos, em que não
podíamos servir a nós mesmos, ela proveu às nossas necessidades. Antes
que nossa língua houvesse aprendido a pronunciar uma única palavra, ela
compreendeu o que para outros eram apenas sons ininteligíveis.
Encorajou–nos a dar os primeiros e trôpegos passos, e beijou-nos as
arranhadelas e contusões. Foi-nos enfermeira nas cachumbas, varicela,
sarampo, não prestando atenção ao sol nem ao relógio, nem se importando
com as longas vigílias de noites inteiras ao lado de nosso leito. Foi
aos seus joelhos que balbuciámos nossa primeira oração infantil. Quando
crescemos e saímos para o mundo e cometemos toda sorte de erros, ela nos
perdoou. O mesmo, porém, não sucedeu de parte de outras pessoas. Nossa
mãe nos ama e nenhum sacrifício é considerado por ela como tal.
Alguns Algarismos
Quem já trabalhou longas horas, durante
anos, sem ter recebido nenhuma paga? A mãe, naturalmente. Se fizermos
alguns cálculos acharemos que em trinta anos ela nos tem servido mais de
trinta mil refeições. Nenhuma nota se conservou das roupas remendadas,
mas se tivéssemos que pagar o alfaiate por esse serviço, verificaríamos
que a conta seria bem avultada. Se nossa mãe nos cobrasse as lavagens de
roupa, ficaríamos surpreendidos — ficaríamos maravilhados. Muitas e
muitas vassouras foram por ela gastas e, se serviu umas trinta mil
refeições, procuremos calcular quantos pratos terá lavado. Se por tudo
isso houvéssemos de pagar em bons cruzeiros, eles somariam uma pequena
fortuna.
Embora não nos seja possível pagar a
nossa mãe os seus muitos sacrifícios, há incontáveis pequenos modos de
mostrar-lhe a nossa apreciação.
As Mães Governam o Mundo
A influência de uma mãe alcança muito
mais do que nosso próprio lar. Alguém disse que nunca houve um grande
homem que não tivesse uma grande mãe. Se duvidais dessa declaração
procurai saber de um grande homem ou de uma mulhar célebre que não
tenham sido ajudados pela mãe. Os fundamentos da vida são lançados nos
joelhos de uma mãe e junto à lareira. Quanto mais altaneiro o edifício
tanto mais sólidos devem ser seus fundamentos. Os grandes homens são
grandes por causa dos fundamentos lançados para erguê-los à grandeza, e
esses são os princípios ensinados pelos pais no lar.
A mãe nunca fica em foco, em evidência;
seu nome nunca é publicado pela imprensa. Muito se tem dito acerca da
grande obra de Moisés, mas a maioria do povo ignora o nome de sua mãe.
Ela foi a sua professora durante os primeiros doze anos de vida, e
foi durante esses doze anos que foram lançados os fundamentos de sua
importante carreira. Se não tivesse havido uma Joquebed, talvez nunca
houvesse um Moisés.
Abraão Lincoln declarou, com reverência:
“Tudo o que sou ou espero ser, devo-o a esse anjo, a minha mãe.” O
mestre-escola de Edison disse: “Alva bem podia deixar de estudar porque
nunca aprenderá coisa nenhuma. Sua mãe, porém, o encorajou a
perseverar. Henry Ford diz: “Tenho procurado conduzir-me na vida pelo
modo que minha mãe desejava. Ela ensinou-me enquanto criança, que ser
prestimoso é o mais alto dever neste mundo. Cri nela e creio também
agora. Tenho procurado seguir o seu ensinamento.”
Não esqueçamos nossa mãe. Lembremos-nos
dela no Dia das Mães e também em cada um dos trezentos e sessenta e
cinco dias do ano. Ela esquecerá todas as fadigas, inquietações e
desassossegos se agora que estamos crescidos, formos a espécie de homens
ou mulheres que ela deseja; se estamos seguindo os retos caminhos e
servindo de auxílio aos nossos semelhantes. Pode ter rugas na face e cãs
na cabeça, todas devidas aos trabalhos de amor que nos devotou, mas
sentir-se-á feliz se seus rapazes e meninas lhe aproveitarem os
sacrifícios. Por amor dela sejamos fiéis. Em sua idade avançada poderá
necessitar de nós, assim como dela necessitámos outrora. Seremos filhos e
filhas tão leais quanto ela o foi como mãe? Abandoná-la-emos no momento
de necessidade? Se nossa mãe não estiver conosco neste Dia das
Mães, mandemos-lhe uma pequena carta e contemos que seus trabalhos
e sacrifícios por nós estão sendo apreciados.
Texto de autoria de Carlos L. Paddock publicado na Revista Adventista, edição de maio de 1946.
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